NEOARQUEO
15 abril 2006
  Abrunhosa do Mato: calçada...romana? medieval? ...

Ultimamente o tema mais discutido entre as pessoas que mais se interessam por estas coisas dos nossos antepassados tem sido as vias de comunicação. De facto, o homem desde cedo teve necessidade de se deslocar com as suas mercadorias, e outros bens de um local para o outro. Por conseguinte teve de utilizar trilhos, construir caminhos, vias, estradas, que de uma forma mais confortável e rápida lhe permitissem efectuar essas deslocações. A propósito do post publicado no Roda de Pedra, apresento-vos uma calçada em Abrunhosa do Mato. Na zona do Carregal, fica esta calçada à qual me é difícil atribuir uma cronologia. Conforme se pode ver na foto, o troço é constituído por lajes de média a grande dimensão. Verifica-se também que possui já uma mistura de pedras mais pequenas em associação com as tais lajes maiores, o que baralha ainda mais a cronologia. Implanta-se numa subida, o que garantia o vencer de forma fácil a inclinação e a não degradação rápida da via. Logo ao lado, no muro que separa o caminho de uma propriedade agrícola, estão dois monumentos, em granito, que eu considero serem duas cabeceiras de sepultura, provavelmente medievais, ou mesmo posteriores. É natural que estejam fora do sítio original, mas certamente este ficará perto. Mais tarde falarei destas estelas. A cerca de 500 metros fica a estação arqueológica romana, que já publiquei, Oliveirinha. Esta via faz parte da antiga estrada que ligava Abrunhosa do Mato a Cunha Baixa. Assim, perante os elementos que possuo não é fácil atribuir uma cronologia a esta calçada. Poderemos, eventualmente estar perante uma via que inicialmente terá sido romana, se manteve naturalmente na Idade Média, tendo sido restaurada, e que teve continuidade de utilização pelos tempos fora, até ser finalmente abandonada em virtude da sua substituição pela estrada que logo por ali passa. O processo de localização e identificação na categoria de "via com cronologia indeterminada" junto do Instituto Português de Arqueologia, já foi feito e enviado por mim. Mais novidades sobre a viação antiga do concelho serão atempadamente publicadas.
 
09 abril 2006
  CASA DE TIBALDINHO

Na encosta do rio Dão, junto à aldeia de Tibaldinho, encontramos mais uma casa nobre. Trata-se da casa de Sta Eufémia pertencente a D. Maria Luisa de Sande Sacadura Bote. Esta casa esteve, até ao século XIX, ligada ao ramo familiar dos Amarais e Pessoas, sendo a última possuídora D. Maria do Patrocínio do Amaral Pessoa que deixa todos os seus bens ao seu primo e afilhado Júlio César de Sande Sacadura Bote. A partir daqui os apelidos Sacadura Bote assumem-se como os principais representantes da casa. Trata-se de um bonito solar beirão, de linhas simples e harmónicas, apresentando algum esmero decorativo na capela dedicada a Sta Eufémia. Ostenta um frontão, ladeado de volutas e pináculos, com um escudo em pala dos Amarais e Pessoas. In Casas Solarengas no Concelho de Mangualde, de Anabela dos Santos Ramos Cardoso.
 
02 abril 2006
  Mó Romana da Roda, Mangualde

As mós são um dos vestígios luso-romanos mais abundantes. Surgem frequentemente à superfície, ou são postas a descoberto por altura dos trabalhos agrícolas. Infelizmente nem todas chegam até nós intactas, como é o caso. Estes vestígios permitem concluir, obviamente, que o cultivo dos cereais era intenso nas épocas recuadas em que as terras de Mangualde faziam parte do vasto Império Romano.
Para proceder à panificação, o homem desde cedo desenvolveu processos tecnológicos de moagem. Mário Cardozo dividiu estes primitivos sistemas de moagem em dois grandes grupos, sob o ponto de vista da diferença tecnológica. Assim, cabem no primeiro grupo os moinhos de vaivém, de rebolo, ou trituradores neolíticos, que eram compostos por duas pedras, uma, grande, fixa, concava, e a outra, mais pequena, que triturava os grãos pelo movimento de vaivém já referido. O segundo grupo compreende os moinhos rotativos manuais, de igual forma constituídos por dois elementos, mas agora de igual diâmetro: a mó de baixo, a dormente e a mó de cima a girante.
É comum apareceram mais exemplares de mós dormentes que girantes, dado que estas são mais frágeis, quer pelo trabalho que desenvolviam quer pelos buracos cegos que possuíam, estando assim sujeitas a partirem com maior facilidade. Os buracos cegos eram, habitualmente, abertos lateralmente, em posição oposta, para permitir o encaixe de manípulos. As dormentes, regra geral, são mais simples e, como vimos em maior número.
Apresento a mó da Quinta Branca, junto à aldeia do Roda, na Freguesia de Mangualde, que pertence ao segundo grupo tecnológico referido. Foi encontrada nos terrenos de cultivo da quinta do meu amigo João Venâncio. Este referiu-me, inclusive, que na altura de se prepararem as terras para o cultivo era frequente aparecer pedaços de telhas grossas em cerâmica, bem como outros fragmentos de cerâmica sugestivos de pertencerem a potes, ou caçoilas. Numa breve batida de campo pude comprovar a existência de alguns fragmentos de cerâmica comum, de aspecto geral antigo. Não encontrei, todavia, nenhum pedaço de telha, mas ficou prometida uma nova prospecção em melhor altura. Estaremos perante um local onde existiu uma habitação rural luso-romana?

Trata-se de uma mó dormente, em granito, cuja superfície de moagem tem inclinação para os bordos. Lados verticais, com ligeiro afunilamento para a base, que é direita, mas grosseiramente desbastada. Possui orifício central, regular, tronco-cónico. Um dos lados já se encontra danificado, vítima dos séculos.
Inédita.

METROLOGIA
Diâmetro: 40; Altura lados: 7; Altura centro: 14;Diâmetro Orifício: 4;Profundidade Orifício: 4.
Nota: as medidas são em centímetros.
 
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